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Porque a Rolex Não Patrocina o Futebol?
Mente Manifesto - Edição #013
Citação da Semana
Ele não podia simplesmente usar um relógio. Tinha que ser um Rolex.
Quando eu tinha 22 anos, passei um breve período morando em Sorocaba.
Lá, trabalhava em uma locadora de veículos, em um bairro nobre da cidade, então eu via pessoas ricas o tempo todo.
Como era muito longe da minha casa, não dava tempo de ir até lá no horário de almoço, o que me dava a chance de ir até o shopping mais próximo para passar o tempo.
E em um desses dias, como sempre fui um grande viciado em relógios, decidi entrar em uma loja, apenas para apreciar.
Tinham vários modelos: brancos, dourados, pretos.
Cada um que eu experimentava, eu gostava mais.

Meu Primeiro Relógio
Esse foi o que eu comprei. Baratinho, R$120.
Saí todo feliz da loja, com a sacola na mão e com o relógio no pulso.
Até que, um cara, me vendo sair da loja, olhou para o meu pulso e riu.
Na hora não entendi, mas fiquei curioso e decidi segui-lo.
Quando cheguei ao estacionamento, vi ele entrando em uma Porsche.
Foi então que percebi que, no seu braço, havia um relógio.
Me aproximei com cuidado e, ao chegar mais perto, vi a marca do relógio dele.
Era um Rolex, bem parecido com o que eu tinha acabado de comprar.
Ora, se eram tão parecidos, por que ele estava rindo?
Eu vivia em uma bolha que não queria saber muito sobre enriquecimento, então nunca tinha visto ou ouvido falar daquela marca.
A curiosidade bateu mais forte.
Pesquisei.
E então descobri que aquele relógio custava mais de R$500.000.
Um choque de realidade.
Nunca imaginei que um relógio pudesse ser tão caro.
Então, algo começou a me cutucar:
Como eu nunca vi uma marca que vende relógios tão caros patrocinar um grande esporte?
Veja, eu sempre fui o cara do futebol, NFL, UFC.
Não assistia muitos esportes diferentes.
E claro, o fato de nunca ter visto a marca Rolex em uma Copa do Mundo chamou minha atenção.
Foi só então que eu percebi:
a Rolex não quer vender seus produtos para todo mundo.
A Rolex mantém listas de espera para seus modelos mais cobiçados, criando uma aura de desejo e escassez.
A marca evita vendas online diretas, preferindo distribuidores autorizados para manter o controle sobre a experiência do cliente.
Apesar de não patrocinar o futebol, muitos jogadores famosos, como Cristiano Ronaldo e Neymar, são frequentemente vistos usando Rolex.
Adquiridos por conta própria, nunca por patrocínios.
Ou seja, a Rolex trabalha com exclusividade.
Ela não se preocupa em estar nos pulsos de todo mundo, apenas das pessoas certas.
E é por isso que ela vale bilhões.
O Branding Que Vende
Tênis.
Iatismo.
Fórmula 1.
Golfe.
Todos esses esportes são patrocinados pela Rolex.
E eu duvido que você assista mais do que dois desses.
Talvez você acompanhe um, ou talvez nenhum deles.
Mas…
Se os relógios da Rolex são tão caros, o mais óbvio seria aparecer para o maior número de pessoas, para aumentar a chance de novos compradores, certo?
Na verdade, não funciona assim.
O estranhamento das pessoas pelo fato de a maior marca de relógios do mundo não patrocinar o esporte mais popular do mundo é porque elas ainda não entenderam o jogo do branding.
A Rolex não está tentando alcançar todo mundo.
Ela fala só com quem pode pagar por exclusividade.
E mesmo que hoje o futebol seja um esporte que gera bilhões em receita, ainda é um esporte das massas.
E a Rolex faz seus produtos para pessoas ricas.
Ela tem um posicionamento claro:
“Queremos aparecer, mas para as pessoas certas.”
Por isso que eles escolhem a dedo quem vão patrocinar.
Roger Federer
O tenista suíço é um dos embaixadores mais proeminentes da Rolex.
Sua associação com a marca reforça os valores de excelência, precisão e elegância que a Rolex busca transmitir.
Sir Jackie Stewart
O tricampeão mundial de Fórmula 1, tem uma longa parceria com a Rolex, simbolizando a conexão da marca com esportes de elite e alto desempenho.
Além disso, a Rolex quer ser lembrada por histórias de sucesso e façanhas impressionantes.
A Travessia de Mercedes Gleitze (1927)
Em 1927, a nadadora inglesa Mercedes Gleitze tentou atravessar o Canal da Mancha usando um Rolex Oyster pendurado no pescoço.
A travessia durou mais de 10 horas, e o relógio saiu intacto, sem uma gota de água.
Esse feito foi amplamente divulgado pela Rolex, marcando o início de sua associação com conquistas humanas excepcionais.
Rolex Daytona: O Relógio dos Campeões
O Rolex Cosmograph Daytona, lançado em 1963, foi nomeado em homenagem ao circuito de Daytona, na Flórida.
Desde 1992, a Rolex é patrocinadora oficial da corrida “24 Horas de Daytona”, onde os vencedores recebem um Rolex Daytona como prêmio.
Luxo Ostentatório vs. Luxo Discreto
Enquanto muitos jogadores de futebol exibem seus relógios de luxo como símbolos de status, a Rolex prefere uma abordagem mais sutil, alinhando-se com esportes que valorizam a discrição e a tradição.
Tem uma diferença brutal entre quem é rico…
E quem é elegante.
Entre quem tem dinheiro…
E quem tem legado.
E não dá pra falar de exclusividade sem tocar nesse ponto.
Porque a Rolex, no fim das contas, não é só um relógio — é um filtro social. Um símbolo.
Um espelho que reflete como você se vê (e como você quer ser visto).
Estamos acostumados a ver jogadores de futebol com o pulso brilhando.
Aqueles modelos cravejados de diamantes, dourados, exagerados, às vezes até personalizados com pedras coloridas.
E aí você olha aquilo e pensa: “Isso é um Rolex?”
É. Mas também não é.
Porque o Rolex, o verdadeiro, o que conversa com o espírito da marca, não precisa gritar.
Quem conhece, reconhece.
Quem não conhece, não importa.
E essa é a base do luxo discreto:
Ele não é feito pra todo mundo entender.
Ele não quer viralizar.
Ele quer se manter exclusivo, silencioso, quase invisível — e ainda assim ser notado pelas pessoas certas.
É por isso que a Rolex nunca enfiou milhões em um patrocínio de futebol.
Porque ela sabe que, por mais que tenha jogadores milionários usando suas peças, o futebol ainda é um símbolo do popular, do acessível, do barulhento.
E ela escolheu ser o contrário disso.
Enquanto marcas de tênis disputam espaço nos gramados da Champions League, a Rolex tá lá… silenciosa, mas presente onde precisa estar.
Torneios de tênis.
Golfe.
Iatismo.
Fóruns de inovação.
Eventos de elite.
Reuniões discretas em Genebra.
Paredes de madeira escura.
Couro.
Silêncio.
Porque o verdadeiro luxo não disputa atenção — ele seleciona com quem quer falar.
Agora, olha como isso se reflete nas pessoas:
Tem quem compre um Rolex pra mostrar que venceu.
E tem quem compre porque já venceu há tempo suficiente pra não precisar provar nada.
Tem atleta que compra um Daytona dourado, cheio de diamantes, e usa com pulseira de borracha.
E tem CEO que usa um modelo simples, vintage, que só um colecionador reconheceria — mas que tem mais história do que o salário de um atacante.
É por isso que algumas pessoas usam um Rolex…
E outras vivem como um Rolex.
A diferença não tá no preço.
Tá no que a marca representa.
E se você quiser fazer sua empresa ser lembrada, talvez precise começar a entender isso:
Você é uma marca? Ou é só mais um no feed tentando chamar atenção com brilho demais e essência de menos?
Desafio da Semana
Vamos direto ao ponto.
Se você é empreendedor — e ainda não entendeu o que é posicionamento de marca, essa talvez seja a razão pela qual as pessoas não lembram de você.
Por que não indicam sua empresa.
Por que você precisa ficar dando desconto pra conseguir fechar.
Por que ninguém te vê como referência.
Enquanto você se preocupa com tráfego, dancinha no Reels e algoritmo, tem marcas no mesmo nicho que nem postam tanto assim…
…mas são lembradas por tudo:
Pelo tom de voz.
Pela estética.
Pelo jeito de responder cliente.
Pelo tipo de conteúdo.
Pelo público que atraem.
Pela experiência de compra.
Pelo cheiro da embalagem.
Pelo site.
Pela presença.
Tudo isso é branding pessoal.
Tudo isso é posicionamento.
E sabe o que é mais curioso?
Às vezes, você nem tem grana pra comprar o produto de uma marca — mas lembra dela.
Fala dela.
Respeita ela.
Sonha com ela.
Exatamente como acontece com a Rolex.
Você não precisa ser cliente da Rolex pra saber o que ela representa.
Você não precisa ter um relógio deles pra entender que não se trata de marcar horas — e sim de marcar território.
E aqui entra o seu desafio da semana.
Desafio: Escolha 3 características que você quer que sua marca represente — e comece a tomar TODAS as decisões da semana com base nisso.
Simples assim.
Quer ser lembrado como uma marca que transmite, seriedade, inovação e eficiência?
Então reveja seu feed, seu atendimento, seus stories, seus posts, sua bio, seu design… tudo.
Se quiser ser visto como elegante, inteligente e acessível, as escolhas mudam.
Mas a regra é a mesma:
não deixe nada fora do tom.
Marcas de verdade não são feitas por acertos aleatórios.
São feitas por uma soma de mil pequenas decisões conscientes.
E quando bem-feitas, elas não precisam gritar.
Elas são reconhecidas até no silêncio.
Você quer ser o relógio cravejado de diamantes do jogador que acabou de ficar rico?
Ou a peça clássica e discreta, que atravessa décadas com credibilidade, respeito… e valor?
A escolha é sua.
Porque se for só mais um barulho no feed, a Rolex não assina.
Forte Abraço,
Matheus Ferreira
Ora Et Labora