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Quem Está Escolhendo Por Você?
Mente Manifesto - Edição #027

Citação da Semana
As pessoas pensarão que tomam decisões racionais, mas a maior parte das decisões humanas são tomadas por instinto, emoção e hábito.
Você acredita que toma decisões com base na lógica.
Mas a ciência mostra que não é bem assim.
A maior parte das suas escolhas, inclusive de compra, acontecem no automático.
Elas nascem no instinto.
São empurradas pelas emoções.
E só depois recebem uma justificativa lógica, como se o racional chegasse no fim para “aprovar” o que o emocional já decidiu.
É por isso que, quando se trata de vender, o que funciona não é convencer a cabeça...
É atingir o coração.
Ou melhor: é ativar o cérebro que sente, antes do cérebro que pensa.
Eu estava devendo em tudo.
Fatura do cartão estourada, parcelamento em cima de parcelamento, e um salário que não cobria todas as despesas.
Qualquer movimento no banco me dava um aperto no peito.
Foi nesse cenário que eu comprei um copo Stanley de R$130.
Sim.
Um copo. De metal.
Pra manter a água gelada.
Como se aquilo fosse resolver alguma coisa.
Lembro de estar no shopping, parado em frente à vitrine, com aquele copo me encarando como se dissesse:
“Você vai se sentir melhor se tiver isso.”
E por alguns segundos… fez sentido.
Eu via todo mundo postando nas redes, carregando o copo no carro, na academia, no escritório.
Meus familiares, usando copos assim no churrasco de família.
O Stanley tinha virado mais que um objeto, era quase um passaporte social.
A lógica dizia:
"Você não precisa disso. E nem pode."
Mas meu dedo já estava no botão de pagar.
Comprei. Parcelado. Em duas vezes.
Na mesma semana, entrei num projeto musical.
Um “produtor” abriu uma mentoria para quem quisesse viver de royalties musicais.
Poucas vagas.
Oportunidade única.
Precisava decidir até o dia seguinte.
Eu nem sabia direito o que era.
Não tinha detalhes sobre o projeto, nem sobre como funcionava royalties.
Mas o jeito como ele falava… me dava a sensação de que se eu não entrasse ali, ia me arrepender pra sempre.
E entre o medo de perder e o desejo de fazer parte, eu disse sim.
De novo, sem lógica.
Só emoção.
E eu nem preciso dizer que foi mais um erro, e mais dinheiro jogado fora…
Na época, eu não tinha estudado psicologia do consumo.
Não sabia o nome dos gatilhos, nem que aquilo tudo era efeito de aversão à perda, prova social e escassez artificial.
Só fui entender depois.
Anos depois.
Quando mergulhei no estudo da copywriting, caiu a ficha:
Eu não comprei o copo. Nem o projeto.
Eu comprei pertencimento.
Comprei validação.
Comprei a ilusão de controle num momento em que tudo estava fora do meu alcance.
E foi aí que entendi uma das verdades mais desconfortáveis do marketing:
O consumidor não compra com a razão.
Ele compra com o cérebro que sente — e só depois tenta justificar com o que pensa.
Essa percepção mudou tudo.
Inclusive a forma como escrevo.
Hoje, antes de tentar convencer alguém, eu me pergunto:
Qual dor invisível está dirigindo essa compra?
Porque o racional pode até assinar o cartão…
Mas quem decide mesmo é o emocional.
O Cérebro Compra Primeiro
Existe uma cena que me volta à cabeça sempre que penso em como as pessoas compram:
eu segurando um copo Stanley na mão, com a fatura do cartão estourada no bolso.
Essa imagem é quase cômica, mas também é trágica.
Ela resume o que ninguém gosta de admitir:
o nosso cérebro racional é péssimo em tomar decisões.
Ou melhor: ele até poderia ser bom nisso.
Mas quase nunca tem a chance.
Quando você sente o desejo, o impulso, o medo de perder ou a necessidade de pertencer…
O racional chega atrasado.
No máximo, ele tenta justificar o que o emocional já decidiu.
E isso vale pra mim.
Pra você.
Pros seus clientes.
É aí que entra o conceito central dessa edição: o cérebro compra primeiro.
E quando eu digo “cérebro”, não estou falando da parte que calcula, compara, avalia.
Estou falando da parte que sente.
O cérebro que sente primeiro é o que compra por medo, desejo, vaidade, insegurança, impulso ou nostalgia.
É esse que aperta o botão, passa o cartão, assina o plano.
E só depois — só depois — o cérebro lógico entra com a justificativa:
“Ah, eu mereço um presente.”
“É bom ter um copo resistente.”
“Essa oportunidade é única.”
“Melhor garantir agora, vai que depois não tem mais.”
Mas tudo isso é pós-compra.
É racionalização.
A decisão já foi tomada.
A maioria dos profissionais que tentam vender com argumentos lógicos esquecem disso.
Falam com a cabeça… quando deveriam falar com o coração.
Apresentam características… quando deveriam evocar imagens.
Detalham benefícios… quando deveriam explorar emoções.
O cérebro que sente está faminto por histórias, por símbolos, por experiências.
E sabe o que era o Stanley naquela época?
Um troféu invisível.
Um símbolo social que dizia: “Olha só, eu também faço parte.”
Era como um crachá moderno de pertencimento.
E eu paguei R$130 por isso, mesmo endividado.
Assim como eu paguei por um projeto musical do qual eu nem entendia os detalhes.
Mas eu sentia — e esse é o verbo-chave — que era agora ou nunca.
A urgência.
A escassez.
A exclusividade.
Tudo isso acendeu meu cérebro emocional.
O mesmo que você precisa aprender a acender nos outros.
Toda vez que você for vender algo, lembre dessa imagem simbólica:
Alguém segurando um copo Stanley e uma dívida no bolso.
Essa cena resume o que o marketing entendeu melhor do que qualquer outra área:
As pessoas compram primeiro com o sentimento.
Depois com a razão.
E, muitas vezes, nem percebem por quê.
Se você quer vender melhor, pare de tentar vencer pelo argumento.
Comece a vencer pela conexão.
Não fale com o cérebro que analisa.
Fale com o cérebro que sente.
Por trás das escolhas: o que você sente antes de pensar
Se você ainda tem alguma dúvida de que o cérebro que sente vem antes do que pensa, a história da Coca-Cola em 1985 vai fazer você repensar.
Naquele ano, a empresa mais amada dos Estados Unidos resolveu fazer algo “racional”:
Melhorar o sabor do seu principal produto.
Foram mais de 200 mil testes cegos com consumidores, a maioria preferiu a nova fórmula.
A lógica dizia: “Se o gosto é melhor, a nova Coca vai vender mais.”
Mas o resultado?
Revolta. Boicote. Queda nas vendas. Pressão pública.
Os consumidores não se importavam com a melhoria do sabor.
Eles sentiam que estavam perdendo parte de sua identidade emocional com a marca.
Um executivo da época relatou que as pessoas ligavam chorando pra empresa, como se tivessem perdido um ente querido.
Era só um refrigerante. Mas não era só sobre refrigerante.
Era sobre memória afetiva, sobre infância, sobre tradição, sobre aquilo que o cérebro emocional não queria abandonar.
Esse caso virou estudo em Harvard.
E ficou conhecido como um dos maiores fracassos da história do marketing.
Mas também foi uma das maiores aulas de psicologia do consumo já vistas:
As pessoas não compram o que é melhor. Elas compram o que as faz sentir algo.
A aversão à perda — que eu senti ao comprar o Stanley, e que você já deve ter sentido em alguma Black Friday — é um fenômeno real e documentado.
É chamada de “loss aversion”.
Segundo os estudos de Daniel Kahneman e Amos Tversky, a dor de perder é duas vezes mais intensa do que o prazer de ganhar.
Ou seja:
Uma pessoa age mais rápido pra não perder R$100 do que pra ganhar R$100.
É por isso que frases como:
“Últimas unidades”
“Só até hoje”
“Você vai deixar passar?”
… funcionam tão bem.
Porque elas acionam um sistema de alarme emocional, que o cérebro sente antes mesmo de pensar.
E tem mais:
O Efeito Decoy – o truque invisível nos cinemas e no streaming
Sabe quando você vai comprar pipoca no cinema e tem três opções?
Pequena: R$10
Média: R$18
Grande: R$19
Você nem pensa duas vezes e escolhe a grande, certo?
Isso é um viés chamado efeito decoy (ou isca): uma opção menos vantajosa é posicionada estrategicamente para fazer a que o vendedor mais quer parecer “óbvia”.
Você acha que decidiu… mas foi induzido.
Serviços de streaming, softwares, até cursos online usam isso com frequência.
Apresentam três planos: um barato demais (pra parecer fraco), um caro demais (pra parecer inacessível) e o do meio (estrategicamente construído pra parecer a melhor escolha).
Funciona porque o cérebro que sente não quer se arrepender depois.
Não quer “errar” na compra.
E a melhor forma de evitar a culpa é sentir que escolheu com sabedoria.
Mas de novo: é um sentimento.
A lógica só chega depois pra “validar”.
Olhe pra sua própria experiência como consumidor:
Quantas vezes você decidiu por um produto porque era o “último”?
Ou porque “todo mundo tava usando”?
Ou porque o preço parecia bom só em comparação com outro?
Agora entenda:
Se você já foi guiado por esses atalhos mentais…
Seu cliente também é.
A diferença é que agora você enxerga o código.
A partir daqui, cada “Compre agora” com um contador, cada plano intermediário bem posicionado, cada review na página de vendas…
Tudo vai ter um novo significado.
Você deixou de ser apenas um consumidor.
E passou a ser um arquiteto de decisões.
Desafio da Semana
Quero que você volte àquela cena comigo.
Eu, parado numa loja, endividado, segurando um copo Stanley de R$130.
Nada fazia sentido. Mas, por algum motivo, parecia que tudo fazia.
Eu me sentia parte de algo.
Era como se, por alguns minutos, aquela compra resolvesse a bagunça dentro de mim.
Claro, não resolvia.
Mas o cérebro que sente… não quer lógica. Ele quer alívio.
Agora me diz:
Quantas decisões como essa você já tomou?
Quantas vezes você apertou o botão “comprar” pra se sentir mais incluso, mais seguro, mais no controle?
E agora a pergunta que realmente importa:
Por que você não usa isso quando vai vender?
Por que você continua tentando convencer com “entregáveis”, “módulos”, “benefícios”, “preço promocional”?
Por que você ainda trata seu cliente como se ele fosse uma planilha ambulante?
Você não é assim. Seu cliente também não é.
Por isso, aqui vai o seu desafio da semana:
Quero que você pare tudo e escolha um produto ou serviço que você vende hoje.
Pode ser seu, de um cliente, ou até um projeto que ainda está no papel.
Agora, esqueça a lógica.
Esqueça os bullets bonitinhos.
Esqueça os diferenciais.
E pergunte pra si mesmo, com brutal honestidade:
Que sentimento essa oferta ativa no meu cliente?
O que ele teme perder se não comprar?
O que ele secretamente espera conquistar, mas não tem coragem de admitir?
Qual ferida invisível essa promessa toca?
Qual é o copo Stanley emocional que ele está comprando aqui?
Pegue essas respostas e transforme em palavras.
Mas não qualquer palavra.
Palavras que acessam.
Que tocam.
Que conectam.
Reescreva sua headline.
Reescreva sua promessa.
Reescreva seu CTA.
Escreva como se você estivesse vendendo pro cérebro que sente — porque é pra ele que você está vendendo.
E quando terminar, leia em voz alta.
Se parecer lógico demais, tá errado.
Se parecer técnico demais, tá distante.
Mas se parecer que você está conversando com o lado mais humano, frágil e emocional do seu leitor…
Então você acertou.
Forte Abraço,
Matheus Ferreira
Ora et labora