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Quantos “amanhã” você já usou pra adiar sua vida?

Mente Manifesto - Edição #017

Quando você vai começar?

Citação Da Semana

Você não pode voltar e mudar o começo, mas pode começar de onde está e mudar o final.

C.S. Lewis

Quantas vezes a gente enterra um talento antes de decidir deixá-lo respirar?

Eu estava sentado em frente ao computador, mais um dia imerso nos estudos para um concurso de bancário.

Essa tinha sido a escolha depois de ouvir, repetidamente, que passar a vida dentro de um banco, com ar-condicionado e estabilidade, era o melhor caminho.
Uma “carreira promissora”, diziam.

E, de fato, eu gostava de finanças.
Mas havia algo dentro de mim que se contorcia em silêncio.
Uma inquietação funda, como se cada minuto diante daquelas apostilas fosse um desperdício da minha vida.

O que eu chamava de “segurança” estava, aos poucos, me sufocando.
Aquilo não era liberdade.
Era prisão disfarçada.

Por 24 anos, eu havia ignorado o que realmente me fazia sentir vivo.
Escrever.

Por que eu abandonei essa paixão?

Medo de fracassar?
Falta de apoio?
Críticas que mais machucavam do que ajudavam?

Provavelmente foi um pouco de tudo.
Cada pedacinho contribuindo para me afastar da escrita.
Até que ela virou só um eco dentro de mim.

Mesmo assim, eu escrevia.
Às escondidas.
Nas madrugadas.
No bloco de notas do celular.
Mas apagava logo em seguida.

Talvez fosse vergonha.
Talvez fosse a voz lá do fundo dizendo: “Isso nunca vai dar certo”.

E então, naquele mesmo dia, enquanto resolvia questões e revisava contas que não faziam sentido emocional algum, a verdade me acertou em cheio:
Eu estava me traindo.
Silenciosamente.
Dia após dia.
E a moeda de troca era a mais valiosa de todas: meu tempo.

Naquela noite, fechei os cadernos, deixei o concurso de lado e escrevi.

Sem pensar muito.
Sem revisar.

Apenas deixei sair.

Um texto curto. 600 palavras.
E, quase sem coragem, mandei para uma professora antiga.

Ela leu.
Fez algumas observações.
E disse:

"Parabéns. Isso ficou muito bom.
Se eu fosse você, escreveria mais."

Naquele instante, algo em mim despertou.
Era como se uma parte adormecida da minha alma tivesse sido tocada.

Eu sabia: era isso.
Eu ia viver da escrita.

Larguei os estudos.
E comecei a procurar caminhos para transformar essa paixão em profissão.

Mas o pensamento voltou:
E o tempo que eu já tinha perdido?

24 anos.
E parecia que todo mundo já tinha anos de vantagem.
Textos afiados, copys que vendiam milhões.
E eu, só começando.

Comentei isso com minha professora.
E a resposta dela iluminou minha mente:

"Não importa a sua idade, você sempre vai desejar ter começado mais cedo.
Mas hoje é o mais jovem que você vai ser."

Ali eu entendi:
Mesmo ignorado por anos, meu talento não havia morrido.
Ele só estava doente, e precisava respirar.

Talento não morre. Ele adoece se você não usar.
E eu não ia deixar o presente escapar de novo.

Abri o Google Docs.
Dois textos por dia.
E uma frase fixada na parede da minha mente:

Começar tarde é melhor do que nunca começar.

Porque hoje é ouro.

Ouro é o agora

O tempo é o único tesouro que apodrece quando você deixa guardado.

A gente vive como se o amanhã fosse uma promessa garantida, como se a vida fosse generosa o suficiente pra esperar a gente se organizar.
Mas o agora…
O agora é a única pepita que você pode tocar com as mãos sujas de dúvida, cansaço e medo.
É o único instante com cheiro de verdade.

Tem gente garimpando o futuro, correndo atrás do que vem depois, sem perceber que o ouro já tá brilhando debaixo do pé.
O problema é que o presente exige coragem.
Porque ele não vem com manual, com plano B ou garantia de acerto.

A maioria adia.
Finge que está se preparando.
Mas, na prática, está se traindo.

Porque o presente pode ser incômodo, mas é a única chance que você tem de cavar alguma coisa real.

Por muito tempo, eu tratei meu talento como um luxo.
Algo que só poderia me permitir quando tudo estivesse certo.

Quando tivesse estabilidade.
Quando tivesse tempo.
Quando tivesse certeza.

Enterrei minha escrita em nome de um futuro onde eu achava que ela poderia florescer.
Só que o futuro não tem o mesmo solo fértil do presente.
Ele é seco, abstrato, e quase sempre... tarde demais.

Cada texto que eu apagava era uma pepita deixada no chão.
Cada vez que eu dizia "não agora", o brilho apagava mais um pouco.

Até o dia em que escrevi, mesmo sem motivo, mesmo sem garantia.
E percebi que a sensação de estar fazendo, mesmo imperfeito, era infinitamente mais rica do que a promessa de um dia fazer tudo certo.

Descobri que o ouro nunca esteve no horizonte onde eu projetava.
Ele sempre esteve no presente que eu evitava.
E quando toquei essa verdade, tudo mudou.

Quantas vezes você enterrou um talento esperando o "tempo certo"?
Quantas ideias você deixou azedar porque o cenário ainda não estava ideal?
Quantas vezes você se enganou dizendo “depois eu volto”, sem perceber que cada depois vem mais cansado do que o anterior?

Você não precisa de mais tempo.
Precisa de mais coragem pra começar no tempo que já tem.

A vida não tem botão de pausa, mas tem um histórico cruel com quem espera demais.

E não é que você perdeu o bonde…
É que você continua esperando a estação certa, enquanto ele passa todo dia, no mesmo horário, na sua cara.

Começar hoje não apaga o atraso.
Mas é o único jeito de interromper o desperdício.

Porque talvez a maior crueldade não venha de fora.
Talvez a maior crueldade seja com nós mesmos, quando sabotamos o presente em nome de um futuro que a gente nunca respeita de verdade.

Tarde para o mundo, cedo para você

Grandma Moses começou a pintar aos 78 anos, quando a artrite impediu que ela continuasse bordando.
O corpo, que já não costurava mais, abriu caminho para a arte que a alma sempre guardou.
Em vez de se aposentar dos sonhos, ela trocou a agulha pelo pincel, e suas telas foram parar nos museus mais prestigiados do mundo.

Coronel Sanders fundou o KFC aos 65 anos, depois de uma série de falências e portas fechadas.
Com uma receita simples de frango frito e uma mala na mão, ele bateu de restaurante em restaurante até alguém dizer sim.
O que parecia o fim de linha era só o começo do sabor que conquistaria o mundo.

Susan Boyle subiu ao palco do Britain’s Got Talent aos 47 anos, desacreditada por sua aparência e jeito tímido.
Mas quando ela abriu a boca para cantar, o mundo inteiro silenciou, e chorou.
Sua voz, sufocada por décadas, finalmente encontrou plateia.

Essas histórias não são curiosidades exóticas.
São estilhaços de uma verdade mais profunda: a vida não tem um relógio único.
Ela floresce no tempo certo, mesmo que esse tempo assuste quem assiste de fora.

Essas vidas tardias não nos mostram um “milagre” improvável.
Mostram algo mais poderoso: que o talento não tem prazo de validade, e que não existe hora errada para começar.
Só a covardia de continuar esperando.

Aos olhos do mundo, pode parecer tarde demais.
Mas a verdade é que o agora é o único tempo possível para mudar tudo.

Grandma Moses só começou a pintar quando a agulha caiu da mão.
Coronel Sanders persistiu quando ninguém mais acreditava.
Susan Boyle venceu os julgamentos com uma única nota.

Essas histórias não são exceções, são avisos.
Avisos de que a vida pode recomeçar quando a gente para de pedir permissão ao calendário.
Enquanto muita gente gasta energia escondendo a idade, outros a usam como combustível para uma nova versão de si mesmos.

Se há uma semente dentro de você, ela não morre com o tempo.
Ela amadurece em silêncio.
E quando germina… muda tudo ao redor.

Vivemos cercados de prazos, metas, cronogramas.
Mas o que vale mesmo não está no tempo, e sim no gesto de começar, mesmo que “tarde” para os outros.

Talvez o que chamam de “atraso” seja só o tempo exato do seu florescer.

Tem gente que passa a vida inteira afiando a enxada, mas nunca cava.
E o ouro… segue enterrado bem ali, no hoje.

Desafio Da Semana

Amanhã é o nome mais elegante que o medo já inventou.

Chegou a hora da escolha.
Não aquela dramática, que muda tudo de uma vez.
Mas a escolha silenciosa, miúda, que muda tudo por dentro.

Você diz que quer mudar de vida.
Que quer mais coragem, mais ação, mais verdade.
Mas o que tem feito quando ninguém está vendo?

Porque é fácil se comprometer em voz alta.
Difícil é se comprometer em silêncio, quando a única testemunha é a sua consciência.

Essa semana, seu desafio é brutalmente simples:

Encare o incômodo que você tem adiado.

Aquela conversa que você enrola há meses.
Aquela decisão que te atormenta no travesseiro.
Aquele projeto que você sempre começa e sempre sabota.

Escolha um.
Só um.
Mas vá até o fim.

Não racionalize.
Não justifique.
Não negocie com a sua covardia.

Aja mesmo tremendo.
Fale mesmo gaguejando.
Comece mesmo com medo.
Porque o medo nunca vai embora.
Mas ele se cala quando você começa a andar.

A vida não vai te pedir permissão.
Ou você se move agora, ou o tempo se move sem você.
E quando perceber… já ficou tarde para se tornar quem você poderia ter sido.

Aja como se fosse sua última chance.
Porque talvez seja mesmo.
A maioria das pessoas não muda porque espera o “clique”.
Mas o clique não vem.
Ele acontece quando você faz o que estava evitando.

E você sabe exatamente o que está evitando.

Toda decisão adiada é uma desistência camuflada.

Forte Abraço,
Matheus Ferreira

Ora et labora.